quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Vibrador pode ser o melhor amigo da mulher


Se quando alguém fala em vibrador você imediatamente pensa em “sacanagem”, é melhor pensar de novo. Os brinquedinhos sexuais podem proporcionar às mulheres sexo de melhor qualidade e até uma vida mais saudável, fisicamente e mentalmente. É o que mostra um estudo feito pelo Instituto Kinsey, da Universidade de Indiana, nos EUA. A pesquisa foi realizada com um grupo de 2056 mulheres com idades entre 18 e 60 anos. Destas, mais de 52% declararam já ter usado um vibrador. 
De acordo com os dados do estudo, as mulheres que usam vibradores fazem mais exames ginecológicos periódicos e autoexames do que as outras. “O que o vibrador traz para as mulheres é uma coisa que não tem preço, que é o autoconhecimento. Muitas mulheres têm vergonha de se tocar, de conhecer seu corpo. E a mulher que se masturba, com ou sem vibrador, se conhece melhor e sabe quando uma secreção está alterada ou se há algo diferente em seu corpo”, defende a ginecologista e sexóloga Carolina Ambrogini, coordenadora do Projeto Afrodite, do ambulatório de sexualidade feminina da Unifesp. 
O vibrador pode ser também um grande aliado da saúde psicológica. “Muitas mulheres não encontram prazer no sexo porque não aprenderam a se masturbar na puberdade. Quando uma mulher não consegue nunca atingir o orgasmo, ela sofre um baque em sua autoestima. Se sente incapaz, pensa que é frígida. Muitas vezes o que falta é uma estimulação do clitóris mais intensa. Neste caso, o vibrador é um excelente instrumento facilitador do orgasmo”, explica a psicóloga e sexóloga Dulce Barros. Com a vibração contínua dos brinquedinhos eróticos, as mulheres atingem o clímax mais rápido do que ao se masturbar com as mãos.
“Ao descobrir que sim, ela é capaz de ter orgasmos, a mulher se sente libertada, e acaba tendo uma percepção de si mesma muito diferente. A autoestima melhora milhões de vezes, e em todas as áreas: trabalho, relacionamento com amigos, família”, diz Dulce. 
A paulistana Daniela conta que seu primeiro vibrador fez parte de um grande processo de melhoria sexual. “Quando terminei meu primeiro namoro sério, nosso relacionamento era praticamente assexuado. Foi então que comprei meu primeiro vibrador, e minha libido aumentou muito. Me liberei, me descobri e pude perceber do que eu gostava mesmo no sexo. Hoje sou mais confiante, consigo pedir o que quero aos meus parceiros. O sexo se tornou mais divertido e leve”. 
Além de melhor amigo da mulher, o vibrador pode ser o melhor amigo do casal. O estudo do Instituto Kinsey mostra que o uso do vibrador faz com que as mulheres tenham melhor lubrificação, mais excitação e desejo. Uma das hipóteses defendidas pelos pesquisadores é que as experiências sexuais prazerosas obtidas pelo uso do vibrador levem as mulheres a sentir mais vontade de fazer sexo com um parceiro. 
“A masturbação faz com que as mulheres descubram novas posições e fantasiem mais”, explica Carolina. Usar o vibrador, sozinha ou acompanhada, ajuda inclusive quando o casal vai para a cama sem nenhum acessório. “A mulher que se masturba tem mais condições de expressar para o parceiro quais tipos de estímulos funcionam para ela alcançar o orgasmo”, diz Dulce. 
A carioca Carla usa vibradores há sete anos, e é defensora do uso a dois: “Acredito que o vibrador pode, sim, melhorar a vida sexual, porque traz novas sensações e pode abrir horizontes para que os parceiros se conheçam mais, conheçam melhor as reações do outro, enfim, descubram novas formas de dar e receber prazer, juntos”, conta. 
Mas as mulheres não devem ser reféns dos brinquedinhos. Se a mulher só consegue ter orgasmo se masturbando com o vibrador, sozinha, e não sente prazer com um parceiro, pode ser um sinal de problema. “Com a masturbação a mulher aprende como desenvolver o orgasmo, e deve usar este conhecimento a seu favor, explicando para o parceiro como ele pode ajudá-la a ter prazer. A capacidade de sentir prazer é dela, e não do vibrador”, encerra Dulce.

Orgasmo também se aprende

É possível conquistar o prazer com treino, exercícios e autoconhecimento

Mesmo sentindo prazer durante o sexo, muitas mulheres têm dificuldade para chegar ao orgasmo. Mas atingir o clímax pode ficar mais fácil com treino e autoconhecimento, apontam especialistas. “O orgasmo é uma entrega de corpo e emoção. E isso é um aprendizado para a grande maioria das mulheres”, diz a terapeuta corporal e tântrica Celi Coutinho. 

Estar à vontade na relação sexual e na companhia do parceiro é um passo importante para a mulher relaxar e chegar ao clímax. Segundo a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello, o bloqueio do orgasmo pode originar de um traço de personalidade. “Algumas não conseguem porque são dominadoras, tensas, e não se entregam facilmente”, diz. O trabalho terapêutico, nesses casos, ajuda a lidar com os bloqueios. 

O caminho das pedras depende do perfil de cada uma. A dificuldade para chegar ao orgasmo pode ter fundo psicológico ou mesmo ser falta de estímulo – além disso, as questões hormonais não podem ser descartadas. “A maioria das mulheres têm excitação, mas nem sempre orgasmo", diz a personal sex trainer Lu Riva, que ainda compara os gêneros: "O homem é um fogão a gás, e a mulher é um a lenha, por isso ela demora mais e tem que ser estimulada”.
Aumentar as preliminares e conversar com o parceiro sobre as carícias que mais agradam ajudam na rotina sexual. “O dialogo é fundamental, assim como estimular bem o clitóris e até tomar banhos juntos. Isso ajuda a aumentar o envolvimento com o parceiro”, diz Cecarello.
Exercícios e prática 
Fazer sexo não é um exercício como correr ou andar de bicicleta, mas a prática, como nas outras atividades, melhora o desempenho. Um dos passos para isso é o autoconhecimento: tocar e olhar o próprio corpo para descobrir pontos de sensibilidade é um bom caminho, segundo Riva. “O primeiro passo é não ficar com a ideia de que é errado fazer isso ou aquilo", aponta. 
O desenvolvimento da musculatura genital também é uma ferramenta utilizada para potencializar sensações. O pompoarismo é uma prática de contração dos músculos vaginais que exercita a região de dentro para fora. Com algum tempo de experiência, a sensibilidade local aumenta, assim como a intensidade do orgasmo. "Não é mágico, precisa treinar", diz Riva. Os resultados aparecem depois de um mês, aproximadamente.

As posições sexuais interferem no estímulo para a mulher e algumas facilitam a descoberta do prazer. Cecarello sugere testar encontros que permitam a penetração e o estímulo ao clitóris ao mesmo tempo. 

Dicas que ajudam a chegar lá:
 

- Encontre a sua fórmula: preocupações e tensões normalmente atrapalham a concentração na hora do sexo, e, consequentemente, impedem o orgasmo. É preciso buscar fórmulas altamente excitantes, e isso pode variar de acordo com cada pessoa: filmes sensuais, contos eróticos ou um clima bacana. Experimente um pouco de tudo para saber mais sobre suas próprias preferências.

- Exercícios diários: “Sentada ou em pé inspire profundamente, segure o ar, contraia a área genital por 30 segundos e solte”, ensina Celi. Repita a contração por dez vezes, inspire e continue o exercício por um período de cinco minutos. “Pode e deve causar calor, se feito corretamente”, explica a terapeuta. 

Brinquedos eróticos: usados na masturbação ou com o parceiro, pequenos vibradores ajudam a estimular o clitóris e acelerar a excitação. “Apimentam, mas não resolvem sozinhos”, diz a personal.

- Esqueça o fingimento: querer melhorar a qualidade das relações sexuais inclui uma mudança de atitude na cama e fora dela. “Dá pra fingir por um tempo, mas em uma relação duradoura não pode acontecer. A mulher tem que ser honesta com si mesma e com o parceiro”, diz Riva.