sábado, 22 de julho de 2017

Sexo anal: tudo o que você queria saber (e tinha vergonha de perguntar!)

A gente sabe que o assunto é espinhoso. Mas já tá mais do que na hora de você saber tim-tim por tim-tim como ter prazer em segurança!


Quanto mais bate a tentação, mais pinta o receio. Tenha calma, amiga, nós entendemos. Todas as mulheres têm dúvidas quando o assunto é sexo anal. E a apreensão só atrapalha! Pode levar você a viver bad experiences quando, na verdade, era só pra ter prazer. Por isso mesmo, entrevistamos o urologista e terapeuta sexual Celso Marzano, autor do livro "O Prazer Secreto". E ele avisa: “O mais importante na prática do sexo anal é saber detalhes do assunto”. Então, bora estudar esse dossiê.

Anatomicamente falando, o que devemos saber sobre a região anal para ter mais confiança?

O canal do reto tem por volta de 17 cm de comprimento. Do lado de fora, encontra-se o ânus, mantido fechado pelo músculo esfíncter externo, que você controla (pode apertar ou relaxar quando evacua) - é um músculo voluntário. Logo após, vem o músculo esfíncter interno, sobre o qual não se tem controle voluntário, ou seja, é controlado pelo sistema nervoso central. Se a pessoa está relaxada, esse músculo também está; porém, se estiver nervoso, tenso, o esfíncter externo e o interno ficam muito contraídos. Como os dois músculos funcionam em harmonia, você pode estimular o esfíncter interno a descontrair, relaxando o esfíncter externo. Captou?


São eles que provocam dor?
Sim, quando são forçados a serem penetrados, como por exemplo, no sexo anal tenso e com medo. Para que algum acessório ou o pênis penetre o canal anal, os dois esfíncteres devem estar relaxados.  

Como deve ser feita a penetração?     
Deve ser lenta, progressiva, não violenta e com muita atenção do parceiro penetrante.
Em certo momento, o parceiro penetrante percebe que o canal anal relaxa e recebe totalmente o pênis, sem tensão e com sensações de maior prazer para ambos os parceiros.


É possível sentir vontade de fazer cocô durante o sexo?
Sim. Isso acontece nas primeiras vezes, quando o pênis chega ao canal do reto, logo após os dois esfíncteres. O reto é um delicado compartimento de 35 cm de circunferência, com muitos músculos, bastante vascularizado, mas poucas terminações nervosas. Com a experiência, o praticante começa a ter prazer e trocas de sensações sexuais muito agradáveis.

Qual a melhor posição?
É aquela em que a pessoa se sente relaxada e acomodada. Algumas preferem ficar de lado, outras deitadas de barriga para baixo ou com um travesseiro debaixo do ventre. Uma posição muito pedida é a famosa de quatro, ou seja, a pessoa fica apoiada nos joelhos e mãos ou cotovelos. Mas, com a prática, cada um desenvolve suas preferências.


Existe alguma indicada para iniciantes?
A posição lateral de costas (colher de costas, spooning, on back side, anal lateral), em que o receptor se coloca de lado e o penetrante fica por trás, ditando o ritmo de acordo com a resposta do penetrado. Nela, os beijos no pescoço e nas costas favorecem a excitação e a entrega de corpo e mente. Também se pode tocar nos genitais, facilitando o orgasmo. Para a mulher, tem outro ponto positivo: a prevenção de contaminação por fezes ou resíduos fecais. Na retirada do pênis, ele desliza e cai para baixo e não encosta na vagina.

Tem alguma desvantagem na spooning?
A penetração é mais rasa. Para alguns praticantes, isso é vantagem e para outros, desvantagem. Também não dá para ficar frente a frente, sentindo a respiração, o beijo e o olhar.


E qual posição é contra-indicada?
Quando a pessoa está de pé, o reto forma um ângulo com a entrada do ânus, de modo que a introdução de um acessório rígido atingirá a parede posterior do reto, fazendo com que seja muito difícil continuar a penetração. Se insistir, é provável que o penetrado sinta incômodo ou dor. Se o parceiro(a) a ser penetrado estiver deitado ou na posição de quatro, o canal do reto fica mais retificado facilitando a penetração.


Pode usar pomada anestésica pra fazer sexo anal?
Pode, mas tendo o ânus e/ou o pênis anestesiados, perde-se a noção da sensibilidade da pele durante a penetração, impedindo que se perceba algo de errado que esteja acontecendo, como dor e ferimentos, por exemplo. Além disso, o prazer também ficará comprometido, já que as sensações não serão percebidas.


Qual é a chance de se contrair doenças fazendo sexo anal?
É fácil porque a mucosa anal absorve facilmente vírus e outros agentes das DSTS e HIV. Outra porta de contaminação é a possibilidade de pequenos traumas locais, por falta de lubrificação e erros na técnica do sexo anal. E as complicações são sérias. As DSTS podem provocar aborto ou o nascimento da criança com graves malformações, por exemplo. Isso sem falar do HIV, que leva à morte.

A camisinha protege dessas doenças?
Sim, é a melhor forma de prevenir. Sem o uso dela, o sexo anal pode propiciar a contaminação de doenças. A pessoa que penetra pode contrair chatos, gonorreia, clamídia, hepatite B e C, herpes, HIV/AIDS, condilomas/HPV, sífilis e uretroprostatites. Já a pessoa penetrada corre o risco de chatos, gonorreia, hepatite B, Herpes, HIV/AIDS, condilomas/HPV e sífilis.

Sexo anal engravida?
Nunca, pois os espermatozoides não vão encontrar os óvulos da mulher. Não há chance, pois o intestino não tem nenhuma ligação com o sistema reprodutivo na mulher.

Mas, podemos pegar infecções?
Sim, se introduzir o pênis na vagina logo após a penetração anal, o que não deve ser feito em hipótese alguma. É fundamental que seja feita a higiene do órgão, caso contrário poderá causar transmissão de bactérias das fezes de um lugar para outro. Não se pode esquecer, o uso do preservativo é essencial.


O ânus pode alargar depois de fazer sexo anal?
Quando ocorre uma penetração sem que o receptor esteja preparado, com os músculos dos esfíncteres contraídos, pode ocorrer trauma com ruptura de fibras musculares, gerando dor ou sangramento. Nos casos de introdução de acessórios de grosso calibre, de forma violenta, sempre há lesões de maior ou menor grau. Se as experiências traumáticas forem repetitivas, ocorrerá lesão grave e permanente dos músculos levando à perda de fezes de forma involuntária.

Há algum truque pra evitar isso?
Para um relaxamento melhor no ato sexual, muitas vezes um treinamento prévio ajuda, no banho com a introdução do dedo, ou de acessórios tais como plugs anais. De início, com o dedo pode ser mais apropriado para sentir o esfíncter externo e o interno. Com o tempo, os músculos responderão a sua vontade.


Sexo anal pode causar câncer?
Não. E o sexo anal não faz a próstata crescer no homem. A próstata faz parte do sistema urinário e não do intestinal. O contato do pênis com o intestino que está ao lado da próstata pode massageá-la e proporcionar prazer e não desencadear qualquer doença prostática.

E hemorroidas?
Não, mas pode causar dor ou sangramentos em pessoas que já sofrem com hemorroidas, pois as externas dificultam a penetração anal e, se forçadas, podem se romper.


Então, quem tem hemorroidas não pode fazer sexo anal?
Pode, mas com cuidados de muita lubrificação, delicadeza e relaxamento. Se ocorrer o sangramento, a espera para uma nova relação anal deve ser de no mínimo cinco dias a fim de que haja tempo para uma perfeita cicatrização.

Pode-se alternar entre sexo anal, oral e vaginal?
Nunca, pois esta prática pode levar bactérias para a boca ou para a vagina.


Como fugir de resíduos fecais ou flatulência durante ou depois da relação?
Soltar detritos fecais no pênis do parceiro é possível sim. Para evitar, faça uma limpeza do ânus. Mas, ela não é exatamente necessária. Nos filmes pornôs, por exemplo, as atrizes fazem esse tipo de limpeza porque vão passar horas encenando e a câmera vai focalizar bem de perto. No dia a dia, não há necessidade de uma limpeza interna.


E como se faz essa limpeza?
Deve-se evacuar antes do sexo, se sentir vontade, e fazer em seguida a devida higiene com água e sabonete, ou simplesmente faça a higiene local como você faz diariamente ao tomar banho. Muitas pessoas exploram a região do ânus para saber se tem resíduos fecais antes da possível relação anal. Após esta exploração, com muito sabonete e até lubrificantes, pode-se forçar a evacuação se ainda restar fezes na ampola retal.


Mas, e se ainda assim acontecer esse “acidente”?
Caso ocorra saída de fezes e seu cheiro característico, relaxe e encare o fato com naturalidade, sem vergonha.

Fazer chuveirinho pode?
Deve ser evitado. A prática da lavagem interna pode ferir. Em casos de dieta errada, estresse, constipação, diarreia ou outros problemas gastrointestinais pode haver mais fezes ou resíduos fecais no reto. Nesses casos, sob orientação médica, pode-se optar pelo uso de uma limpeza mecânica do canal do reto.


É possível ter orgasmo com sexo anal?
Sem dúvida que sim. Muitas mulheres chegam ao orgasmo com o sexo anal e uma estimulação genital concomitante. Elas têm mais chances quando praticam contrações musculares da vagina e da região pélvica, que aumentam a sua excitação, e a unem ao efeito da fantasia excitante de estar sendo penetrada. Entre os homens, a estimulação da próstata e região facilita o orgasmo.

O orgasmo no sexo anal é igual ao vaginal?
Não, pois são regiões diferentes e outras sensações serão sentidas.


Há alguma dica para chegar lá?
A estimulação direta genital tem o papel importante para se atingir o clímax quando o sexo anal está sendo praticado. Todavia, tanto homens como mulheres relatam ter orgasmos sem qualquer outra estimulação concomitante. A experiência, a excitabilidade e a erotização individual do ser humano é que determinam estas diferenças na sua resposta sexual.

É preciso ter cuidado com a frequência?
O sexo anal geralmente não traz algum prejuízo ao corpo. É uma prática que exige conhecimentos prévios. Nenhum prejuízo é se os dois parceiros a aceitam, a conhecem e a fazem com a técnica correta, delicadeza e preparo psicológico. A agressividade, a dor e o sangramento são raros.

Dói sempre?
A crença de que a estimulação anal, principalmente o coito, machuca ou dói é falsa. A maioria dos praticante não tem dor alguma. Quando ocorre a penetração (com o dedo, objeto ou pênis) ocorre uma contração dos músculos locais, como se fosse uma defesa. É preciso esperar eles relaxarem e então continuar. Só haverá dor se os parceiros não respeitarem o tempo de relaxamento do músculo. O sexo anal bem feito depende da cumplicidade, confiança e do carinho.

Podemos deixar o lubrificante de lado?
Não, ele é indispensável, pois o contato da pele do pênis com as mucosas, que são finas e sensíveis ao atrito, causam lesões. E o ânus não é tão elástico quanto a vagina e nem produz uma lubrificação natural como ela.


Qual lubrificante usar?
Sempre a base de água, evite qualquer outro tipo. Cremes hidratantes, por exemplo, perdem o efeito em poucos instantes, pois penetram na pele e não amenizam o atrito. Os oleosos comprometem o preservativo fazendo-o se romper ou ainda dilatar os poros do látex, permitindo a passagem do HIV para a mucosa anal. A saliva pode ser utilizada, mas geralmente é insuficiente em quantidade para uma boa lubrificação.

Existe um limite pra comprimento de pênis? E espessura?
A penetração só pode ser até 18 cm. Relação anal com pênis de tamanhos maiores deve ser discutida e avaliada antes da sua realização. Na prática, a penetração deve ocorrer lentamente e com muita lubrificação, prazer e sem complicações. A espessura, é variável, cada pessoa tem seu limite.


Quando devo parar de praticar sexo anal?
Quando existir qualquer negação ou qualquer parceiro não desejar mais. Qualquer prática sexual deve sempre ter o aval das parcerias.

É preciso agir sempre como se fosse a primeira vez?
Sim, os cuidados são os mesmos sempre.